Eu
sinto-me um pouco perdida neste mundo, sinceramente. Onde não sei lidar com
injustiças, capitalismo e egoísmo. Eu sei, provavelmente estás a pensar que não
tenho nenhuma moral para falar. E estás certo, só que o que eu penso não sou o
que sou. Deveria mas não acontece. No dia em que conseguir fazer isso, serei
sim autêntica porque até então tenho sido vítima desta sociedade de aparências
em que nem tu próprio podes ser. Espero sinceramente conseguir chegar a esse
ponto. E quando eu chegar, tu vais saber. Porque são pessoas autênticas que
fazem o mundo. São essas pessoas que se tornam conhecidas por feitos que tenham
realizado. Eu nunca ambicionei ser alguém conhecida ou famosa até porque não
gosto nada de ser o centro de atenções, é algo que me provoca ansiedade,
também. Mas sempre gostei que reconhecessem o trabalho que faço. Mas também
mesmo que reconheçam eu vou sempre pensar que não está bom o suficiente. Para
mim nunca é bom o suficiente. Principalmente as coisas que são feitas por mim.
Mesmo que até possa achar minimamente bom vou pensar que podia estar melhor. Não
consigo perceber esta minha exigência comigo própria. Esta forma de
auto-bullying.
Muitas
vezes eu sei que tenho a capacidade para fazer determinada coisa, tarefa ou
projeto mas por falta de confiança em mim acabo por nem tentar. Ou então penso
que simplesmente vai dar muito trabalho e nem sei se vou ter retorno com isso.
Não que eu seja uma pessoa preguiçosa mas acomodo-me muito com a minha
realidade. Há tanta coisa que gostaria de fazer mas por ter uma visão muito
longinqua das coisas acabo por não desfrutar do que o presente poderia me dar.
Sim...se me conhecesses minimamente sabes que eu soude planos e muito
sonhadora. O que me torna um quanto antagónica. Porque apesar de ser uma pessoa
fora da realidade isso não se concretiza no mundo real.
Já
alguma vez te sentiste influenciado por um filme, uma música ou até um texto na
medida em que vives tanto aquilo que pensas que o mundo pode ser desse jeito?
Pois bem, eu sou esse tipo de pessoa. Sou influenciada sobretudo por conteúdos
que estejam relacionados com sentimentos. Porque na verdade eu sou muito
sentimental. Eu choro a ver uma simples despedida no aeroporto, eu rio por ver
a felicidade de um amigo, eu fico com raiva com as pessoas que se acham
superior a outras. Eu sinto muito. Se és alguém próximo provavelmente já
reparaste mas nem sempre é fácil e visivel. Não que eu esconda mas porque
sozinha é mais fácil. Mas nós somos nós quando estamos sozinhos ou
acompanhados? Quando somos verdadeiramente nós? Porque tu próprio sabes que não
és o mesmo quando estás a dançar eufóricamente no teu quarto e quando estás
acompanhado pelos teus amigos. Pois, eu não sou. Isso faz de mim uma pessoa
falsa? Sinceramente acho que está tudo relacionado com a minha ansiedade e
forma como penso que os outros me vêem. Eu dou demasiada importância a
insultos, a criticas e menusprezo um pouco os elogios. O problema é que o meu
pensamento não se alinha com as minhas ações. Eu não dou assim tanta
importância ao que as pessoas pensam. Mas se me conheceres vais pensar que sim.
Porque vou querer parecer perfeita e vou querer mostrar que não tenho defeitos.
4.doc, Luciana Carvalho (2016)
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